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6 de nov. de 2014

Jovem Escritor! Edição 11/2014


Caminhos cruzados

Hoje é o aniversário de mamãe. É um dia sagrado para mim: sem ela, eu nada seria. E minha vida só existe porque um dia ela decidiu trilhar novos caminhos. Mas para contar isso, precisarei falar de outra pessoa que também é divina para mim: meu pai.

Há muitos anos, quando ainda era pequena, eu ajudava minha mãe a cuidar de meus irmãos. E, na hora do almoço, levava o alimento ao meu pai. Enquanto ele não chegava, eu observava as árvores, as flores, os pássaros e cantava. Então, de repente, ele vinha: sentava-se numa pedra, comia a refeição. E eu ficava olhando ele almoçar. Depois do almoço ele olhava para mim e começava a contar histórias. Uma dessas histórias eu vou contar agora: é sobre o dia em que ele conheceu minha mãe.

‘’Quando eu era pequeno, meus pais me levaram a uma festa: lá conheci sua mãe. Enquanto nossos pais conversavam, eu e sua mãe fomos brincar. Quando eu voltei para casa, não conseguia esquecer sua mãe, com aquele sorriso lindo, com o jeito dela de pegar as coisas: e seus olhos brilhando.

No dia seguinte eu fui para a escola. Ela sentava-se bem na frente, com uma amiga. Então eu pedi para a amiga dela entregar-lhe uma carta: disse que gostava muito dela e que a sua imagem não saía da minha cabeça. Então sua mãe leu a carta, olhou para trás e, no belo sorriso que deu, dava para ver que ela estava feliz com o que eu havia escrito para ela. Os olhos dela brilhavam, brilhavam.

No dia seguinte, quando cheguei à escola, percebi que ela não estava. Então fui para casa, perguntei a meu pai onde que a família dela havia ido. Ele me disse que haviam se mudado. Eu fiquei muito triste. Mas um bom tempo se passou e eu não tinha mais notícias dela. Um dia, quando eu ia para a igreja, encontrei aquela amiga dela: e recebi uma carta que sua mãe tinha escrito para mim. A carta dizia que ela tinha gostado muito de minha atitude, em ter me declarado para ela. Também falava que ia se mudar e não sabia como me dizer isso. Dizia que não quis me avisar porque não queria ferir meus sentimentos e que tinha percebido que eu estava muito feliz. Mesmo assim, longe um do outro, eu comecei a ficar mais feliz, porque sabia, de certeza, que ela também gostava de mim.

O tempo passou, era domingo de manhã, eu estava conversando com meus amigos, veio uma menina linda: percebi que não era estranha, que já tinha visto aquele sorriso em algum lugar. Então aquela linda menina começou a chegar mais perto, calmamente. Ela chegou, perguntou se me lembrava dela. Mas, diante de tanta alegria,  fiquei confuso e perguntei um ‘’quem é você?’’ Ela pegou um papel, entregou-me e sorriu. Abri o papel e vi que era a carta que mandei para sua mãe. Começamos a conversar. Sua mãe comentou que estava com saudades e que não tinha me esquecido. Anos e anos se passaram, e um dia eu pedi a mão dela em casamento. Ela aceitou.

Mas, quando faltava uma semana para o casamento, aconteceu algo ruim: a mãe dela faleceu. Foram dias de choro, de dor. Então remarquei a data do casamento. Quando o grande dia chegou, fiquei muito nervoso. Mas quando vi sua mãe vestida de noiva, toda de branco, com os olhos cheios de felicidade e um belo sorriso no rosto, parecia que tudo tinha mudado: eu era o homem mais feliz do mundo. Os anos se passaram, tivemos filhos lindos e uma filha linda: você.’’

Então ele acabou de contar a história, voltei para casa. O tempo passou, eu me casei, tive duas meninas. Quando ninguém esperava, meus pais se separaram. Eu ficava pensando o porquê dessa separação, pois eles tinham vivido uma linda história de amor. Um dia perguntei a minha mãe por que eles tinham se separado. Ela disse que papai havia se tornado um jogador de cartas, apostava o que tinha. E isso se tornou um vício, levando-o a perder todos os bens que possuíam. Então ela pediu divórcio.

 É difícil a um filho ver seus pais separados. É difícil... Minhas filhas cresceram, e um dia contei isso a elas. Todas as vezes em que conto esse fato, a família fica atenta, para escutá-lo, e todos se emocionam.

Mas mesmo que meus pais não estejam mais juntos, sei que tudo valeu a pena. Porque, afinal, eles permitiram que mais alguém pudesse conhecer essa vida: eu! E não pode haver filme mais bonito que a experiência de viver. E viver bem cada dia, para que haja muita história para contar. Principalmente de novas histórias que nascem quando dois caminhos se cruzam...

Amanda Port Zastrow. 7 ano II.Matutino.

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