Herói
O menino tinha nascido num hospital de Nova York, nos Estados Unidos da
América. Mas seus pais não o queriam.
Era um dia de chuva quando jogaram o menino no rio. E ele desceu rio
afora... Esse mesmo rio passava aos fundos do campus da Universidade de Nova
York: um grupo de estudantes viu a criança dentro do rio, numa caixa de isopor
e resgataram ele. E notaram alguma coisa diferente nele: o tal menino tinha
grandes poderes. No dia seguinte, todo mundo da classe que salvara o menino
tinha superpoderes, menos a professora. Os estudantes estavam pensando que a
mãe do menino era a professora, pois os alunos Paul e Marcia tinham visto a mestre chorando no
começo de uma aula, alguns anos antes. Aliás, esses dois alunos tinham o poder
de lançar raios vermelhos pelos olhos e de correr muito...
O menino cresceu e demonstrou ter o poder de sumir de um lado e aparecer
em outro. Seu nome era Tobias. O tempo passou, e, anos depois, soube-se que a
professora era mesmo a mãe do menino: ela, quando abandonou a criança, não
tinha condições de criá-lo.
Quando suas condições de vida melhoraram, ela procurou muito, e encontrou
seu filho: pediu desculpas, mas ele não aceitou. Tobias queria respostas,
queria saber quem era seu pai. Na verdade, o pai de Tobias era alcoólatra,
violento; tinha pressionado a mãe a jogar o filho no rio.
O tempo cruzou e quando se viu Tobias era um homem feito: já tinha 34
anos. O dia estava frio, nevava, alguém
bateu à porta de Tobias: era um velho senhor, com frio e fome. Tobias convidou
a entrar, deu-lhe comida e um cobertor, perguntou qual era o nome do velho.
Conversaram, e soube-se que o mendigo tinha um filho que abandonara no mundo.
- Quantos anos tinha seu filho da última vez que o viu?
- Da última vez que o vi, ele estava no hospital: era recém-nascido. É
uma história triste, eu joguei ele no rio em Nova York. Ele foi rio abaixo,
dentro de uma caixa de isopor. O rio passava perto de uma universidade... Não
sei o que houve com ele.
- Meu pais também me jogaram ao rio e até hoje ainda não conheço eles.
Depois que o velho foi embora, Tobias pensou que poderia ser filho
daquele senhor. Resolveu procurá-lo, solicitou um teste de DNA, o senhor
aceitou fazê-lo. E não é que o teste comprovou que Adam, esse era o nome do
senhor, era mesmo o pai de Tobias?!
O perdão falou mais alto: Tobias abraçou seu velho pai. De agora em
diante tinha alguém de seu próprio sangue a quem chamar de pai. Durante toda
uma vida não sabia direito o sentido da palavra ‘’pai’’. Agora talvez
descobria. Tarde na vida, mas antes tarde que nunca.
Para falar bem a verdade, o maior presente de Tobias era outra coisa: o
perdão. Perdoar é a coisa mais difícil na
vida. E ele perdoou a quem não teve compaixão por ele. Para perdoar é
preciso jogar fora o orgulho. Dali para frente, Tobias começou a ser um homem
mais feliz. E decidiu permitir que os dias de vida de sua mãe também fossem
mais felizes: procurou por ela, e disse que a perdoaria pelos erros do passado.
Talvez ele tivesse algum irmão. E pensou: se eu tiver um irmão, será que é
parecido comigo?
Quando voltou para casa, depois de perdoar sua mãe, olhou-se ao espelho,
e sorriu: era, sim, um grande homem! Um herói!
Gabriel Machado, 6º ano III, matutino.