TRABALHO
INFANTIL
Eu
li um texto chamado ‘’Na escuridão miserável’’, de Fernando Sabino, na escola:
no nosso livro de Língua Portuguesa mesmo. E a história que esse texto conta me
chamou a atenção, pois fala do dia a dia de uma menina que trabalha igual a um
adulto. Ela, com sua pouca idade, já sabe o que é cuidar de uma casa, lavar
roupa, varrer o assoalho etc. Sabe, eu fiquei me imaginando naquela situação
dela: sem poder estudar, sem um direito a ser feliz. Ou chegar em casa e não
ver meus pais ali me esperando, com o almoço quentinho e um sorriso no rosto, a
me convidar para a refeição. A menina da história não tinha nada disso. Será
que é apenas coisa dos livros, de suas histórias?
Eu
creio que o trabalho infantil é uma ‘’coisa’’ que deixa uma criança sem o
direito a crescer em paz, com suas brincadeiras de criança, seus encantos da
infância. Ainda mais a infância, que é a época dos doces, das brincadeiras sem
fim, das ruas coloridas...
Sei
que há crianças que catam papel, latas e outros produtos, vendem para
reciclagem e conseguem dinheiro para sobreviver. Sei que o peso maior não é o
frio ou a fome que muitas crianças trabalhadoras enfrentam, mas o peso de não
poderem estudar, de ter acesso aos livros. Um livro não é uma coisa de papel.
Não, um livro é tudo. Menos uma coisa de papel, apenas.
E,
na verdade, se as pessoas desse mundo, aquelas que tudo podem, quisessem,
poderiam ser mais solidárias para com essas crianças. Na verdade, surge uma
palavra chamada ‘’ignorância’’, ou o verbo ‘’ignorar’’ diante da realidade
dessas crianças. Crianças que só precisariam de comida e casa para que fossem
estudar. Como acontece na vida, coisas que são ignoradas, essas crianças de
certa forma estão sendo ignoradas.
Precisamos
ter mais solidariedade, mais atenção ao próximo, pois o dia de amanhã é incerto
demais para se ignorar a condição de nosso semelhante. A criança que hoje não
tem uma cama confortável para dormir, comida, roupa e estudo pode ser o futuro
cientista de amanhã, capaz de descobrir a cura de várias doenças. E salvar
vidas de muita gente.
Afinal,
na vida só é preciso uma chance: chance para ser forte, para ser bom, para ter
fé e batalhar. Talvez a chance a um olhar: um olhar de respeito e atenção.
Olhar de carinho. É o suficiente.
Evely da Silva Rezende, 7º ano II, matutino.